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The Act S01E06 "A Whole New World" - Review


Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do sexto episódio, S01E06 – "A Whole New World", da primeira temporada de The Act.

Quando o assassinato acontece, acontece rápido. Acontece fora da tela, sem a presença da câmera dentro da casa, isso é enlouquecedor - estamos presos do lado de fora e eles estão presos dentro dela, e "O Ato" está feito. O episódio desta semana de The Act se comporta muito como eu imagino que Gypsy Blanchard e Nicholas Godejohn se comportaram na noite em que assassinaram a mãe de Gypsy, Dee Dee: como se eles quisessem acabar logo com isso e seguir em frente com suas vidas.

Escrito por Heather Marion e dirigido por Laure de Clermont-Tonnere, "A Whole New World/ Um mundo totalmente novo" mostra o esconderijo de Gypsy e Nick, que é tão infantil, ingênuo e desajeitado que se torna quase encantador.

Gypsy e Nick chamam um táxi após a cena do crime, demoram para arrumar as malas e entrar; a maior contribuição de Nick é trazer uma bandeja de brownies para fora da casa. Eles chegam no motel onde Nick estava hospedado, o quarto está uma bagunça. Gypsy se veste para fazer uma sextape, a câmera desce enquanto Nick faz sexo oral em Gypsy, o que dura aproximadamente cinco segundos, até que ele começa a fodê-la.

Eles saem para o café da manhã, a garçonete apressada evita que Gypsy peça refrigerante para beber. Policiais entram, completamente sem relação com o crime, e assustam o casal. Um policial pega um frasco de comprimidos que Gypsy deixou cair e devolve para ela, dizendo o nome de sua mãe do rótulo no processo. Nick não reservou a passagem de ônibus para Gypsy, fazendo com que os dois fiquem uma noite extra presos no motel da mesma cidade da cena do crime. Gypsy se apavora ao ouvir uma menininha implorando à mãe por doces e depois critica Nick por não ter sido um Príncipe meio competente, muito menos um Príncipe Encantado.

Mas isso é apenas metade da história. Pela primeira vez nesta temporada, The Act é dominada por flashbacks, mostrando o nascimento de Gypsy e sua infância com Dee Dee. Elas não estão sozinhas neste momento, ainda não. O pai está fora do quadro, mas Dee Dee tem sua mãe Emma (Margo Martindale/ The Americans) e sua prima Janet (Rhea Seehorn/ Better Call Saul) com quem pode contar. Bem, Janet é uma pessoa normal, basicamente. Mas o desprezo de Emma por Dee Dee, e uma relação abusiva de mãe e filhas explicam muito do que vem depois.

Se os flashbacks não fizessem mais do que dar as prestigiadas atrizes Margo Martindale e Rhea Seehorn a chance de estar na mesma série de Patricia Arquette, Joey King, AnnaSophia Robb e Chloë Sevigny, já seria um desenvolvimento bem-vindo. Mas mais do que qualquer outra coisa que a série fez até agora, foi humanizar Dee Dee Blanchard - tanto a vilã quanto, em termos de vida ou morte, quanto a vítima do ato.

Isso é feito, em parte, com um delineamento extremamente eficaz que mostra Blanchard por Patricia Arquette a interpretando mais jovem. Os problemas legais e a mãe de Dee Dee emocionalmente abusiva trabalham lado a lado para construir a relação tóxica de Dee Dee com a filha.

Emma cuida de Gypsy principalmente como uma maneira de irritar Dee Dee, cujas necessidades emocionais ela parece não se importar.

Ironicamente, há um breve alívio da implacável subcotação e enfraquecimento quando Emma se aconchega com Dee Dee e a jovem Gypsy em seu leito de morte, permitindo que sua filha a alcance e toque nela, e toque sua filha em troca.

Há uma desvantagem, porém, ao entrar na máquina do tempo e viajar para o passado de Dee Dee e Gypsy, The Act deve abrir a porta do cofre onde as duas passaram toda a série até agora. Presas em suas prisões cor-de-rosa, apenas com vislumbres ocasionais dos vizinhos amigáveis ​​do mundo externo, possíveis candidatos de uma convenção de cosplay, vídeo conversa - as Blanchard criaram um mundo definido uma pela outra. 

Ambas as linhas do tempo encerram o episódio com seu material mais forte. Gypsy jovem tem um acidente na cama elástica, pulando com seus primos contra os desejos de sua mãe até que ela caia e machuque sua perna. (A edição sugere que isso aconteceu pelo menos em parte porque os gritos de pânico de Dee Dee a distraíram do que ela estava fazendo). Voltando para casa do hospital, Dee Dee carrega Gypsy apesar de sua insistência de que possa andar. Ela então a coloca na cadeira de rodas que sua mãe usava, com pouca voz, antes de morrer. É escuro e sombrio, a câmera persiste por uma quantidade realmente desagradável de tempo na menina enquanto ela fica de cabeça para baixo, os olhos bem abertos, a mente trabalhando. Você está assistindo uma criança pensar - com afinco - sobre como sua vida é agora, e o que ela terá que fazer para manter a única outra pessoa nessa vida feliz. Novamente, não é uma coisa fácil de se olhar.

Na linha do tempo mais recente, depois de muitos atrasos, filmes violentos e sexo, Gypsy e Nick finalmente embarcaram no ônibus para a terra prometida: Wisconsin. Gypsy olha pela janela, tão satisfeita quanto Amanda Seyfriend em Twin Peaks, mas sem drogas para ajudá-la. Ela é livre - na mobilidade, no sexo, no amor, na capacidade de fazer suas próprias escolhas, na ausência de sua mãe, na visão das árvores e do sol através de uma janela em movimento.

Pela segunda vez no episódio, Serge Gainsbourg and Brigitte Bardot's, de Bonnie & Clyde, toca sobre a ação. É um estado de espírito, um devaneio e os sonhos terminam.

Texto escrito para The Act Brasil. Então, você percebeu algo que não está esclarecido aqui nessa review? Tem algo a acrescentar? Comente abaixo sua opinião sobre o episódio.